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Sumido, acorde soa;
E o cintilar das águas
Gera amargura e dor,
Qual lâmpada, que pende
No templo do Senhor,
Lá pela madrugada,
Se o óleo lhe escasseia,
E a espaços expirando,
Afrouxa e bruxuleia.
III
Bem abundante messe
De pranto e de saudade
O foragido errante
Colhe na soledade!
Para o que a pátria perde
É o universo mudo;
Nada lhe ri na vida;
Mora o fastio em tudo;
No meio das procelas,
Na calma do oceano,
No sopro do galerno,
Que enfuna o largo pano.
E no entestar coa terra
Por abrigado esteiro,
E no pousar à sombra
Do tecto do estrangeiro.
IV
E essas memórias tristes
Minha alma laceraram,
E a senda da existência
Bem agra me tornaram:
Porém nem sempre férreo
Foi meu destino escuro;
Sulcou de luz um raio
As trevas do futuro.
pág. 84 (Capítulo 7)