IV
Fanatismo brutal, ódio fraterno,
De fogo céus toldados,
A fome, a peste, o mar avaro, as turbas
De inúmeros soldados;
Comprar com sangue o pão, com sangue o lume
Em regelado Inverno;
Eis contra o que, por dias de amargura,
Nos fez lutar o Inferno.
Mas de fera vitória, enfim, colhemos
A c’roa de cipreste;
Que a fronte ao vencedor em ímpia luta
Só essa c’roa veste.
Como ela torvo, soltarei um hino
Depois do triunfar.
Oh, meus irmãos, da embriaguez da guerra
Bem triste é o acordar!
Nessa alta encosta sobranceira aos campos,
De sangue ainda impuros,
Onde o canhão troou por mais de um ano
Contra invencíveis muros,
Eu, tomando o alaúde, irei sentar-me,
Pedir inspirações
À noite queda, ao génio que me ensina
Segredos das canções.
V
Reina em silêncio a Lua; o mar não brame,
Os ventos nem bafejam:
Rasas coa terra, só nocturnas aves
Em giros mil adejam.