E que havia mister desse aparato
Dado a tiranos, que inimigos vivem
De inimigos cercados? Que soldados,
Que mercenárias hostes de Janízaros
Precisava um monarca lusitano
Que precedido vai por débeis canas,
Símbolo da brandura e singeleza
De bom pastor de povos? - Santas eras!
Se pudésseis voltar, dias ditosos.
VI
Alto o dia, horas oito: já nos átrios
Girava do palácio a vária turba
Que a audiência do rei, ou do valido,
- Quantos do mais escuro sevandija
Que tais mansões infesta! - ali aguardam
Acovardados uns, esperançosos
Outros se amostram. Pretendente humilde
Tímido se conchega a pobre capa,
Porque não toque as rugedoras sedas
Do cortesão soberbo. Altivo o grande
Com gesto protector ali corteja
O artífice coitado, que nem ousa
Recordar-se das dívidas antigas
De tamanho senhor, tão dado e lhano,
Que tal honra lhe faz.