XIV
Já da tuba a Calíope travando,
Em tarso stilo, e não de inchada pompa,
Mas - qual fluente e majestoso rio
Por suas ribas magnífico se espraia -
Tal por seu grande assunto o vate imenso.
XV
No largo oceano, em próspera bonança
As atrevidas naus vão navegando.
Dos céus o alto poder sublime e dino
A conselho as menores potestades
Sobre tamanha empresa convocava.
Cuidas ver, lá num trono de diamante
Sentado o pai dos numes; por seus lábios
Fulge o louvor da lusitana gente,
Pasmo e terror do mundo. É seu propósito
De mor glória lhe dar no ignoto Oriente.
De Nisa o vencedor cioso impugna
A sentença do númen. Quem sustenta
A heróica Lísia? E Vénus, Vénus bela,
Afeiçoada a um povo, das romanas
Qualidades herdeiro, e cuja língua
Com pouca corrupção crê que é latina;
Um povo tão zeloso de seu culto,
Tão devoto amador de seus altares!
O fado o decretou, Jove o confirma;
Abram-se as portas do Oriente aos Lusos.