Mas não faltam
Ao pé do sólio nunca - inda mal! nunca -
Peitos vis, corações à glória alheios.
Por esses lavrou logo a inveja, o ódio
Ao cantor dos Lusíadas: não sofre
Vício e ignorância que virtude e mérito
Apreciados sejam, conhecidos.
Fingem no entanto, que fingir é arte
Máxima de palácios...
II
- «Folguei muito»
Dizia o rei, e o gesto abraseado
A verdade do dito afiançava:
«Folguei de ouvir-vos; nunca tal virtude
Em versos cri para exaltar o ânimo
Ao sublime entusiasmo da virtude,
Aos feitos grandes. Sinto que me bate
Com mais vigor o coração no peito.
Alma terá pequena e bem mesquinha
O português que não mover tal canto.»
Assim dizia o rei: caminho vinham
Dos paços, despediu-se o heróico vate;
E o mancebo real: - «Voltai a ver-me,
E vos farei mercê, como é devido.