Sobre uma banca de igual custo e obra
Poisava antiga cruz donde pendia
Agonizando o Cristo: lavor fino
Que no índico dente a mão devota
Dum neófito d’Ásia executara,
E fora dom do grato catecúmeno
Ao que nas águas místicas do Ganges,
Por novo rito e lei, lhe consagrara
Antigas abluções. Único um livro
De pesado volume ao pé do lenho,
O livro dos cristãos: dois férreos broches
As grossas pastas fecham. Pende, a um lado
Da parede, enfumado, antigo quadro
Que os rudes traços do pincel recorda
De Perugino ou Vasco, à infância da arte:
Em cujo parecer traslado brando
Deram tintas fiéis dessa virtude
Que o filósofo disse humanidade,
Caridade o cristão. - Dispute em nomes
Quem de palavras cura: o homem sincero
Sem vaidades de língua, obra e não fala.
Pintado estava ali um nobre velho
Que a angélica beleza de sua alma
Toda tinha no rosto retratada.