IV
Mas já no leito o adormecido acorda.
Seus mal abertos olhos se descerram
Ao primeiro luzir do sol, que é nado
Neste momento, agora: froixamente,
Mas não turbados, derredor os volve
Pelo aposento. Como quem se afirma,
Um e outro dos dous que o acompanham
Fita admirado, e a modo que procura
Reconhecer feições que há visto algures:
Com vagarosa mão correndo a frente
Uma vez e outra vez, dá parecenças
De querer ajudar o envolto cérebro
A desligar ideias mal distintas.
V
Assim ao que tomou gelado spasmo
Toda a aparente vida, os membros rijos,
Sem cor os lábios, preso o sangue... é morto:
Ergue-se o carpir d’órfãos, da viúva...
Já no sudário envolto, já nas andas
Os doridos amigos o conduzem
À morada dos findos... Repentino,
Do coração começa o calor vivo
A devolver-se, manso e manso, às veias;
Longes de esvaecida cor lhe tingem
Os beiços.