XIV
A vós já volvo, ó solidões de Sintra,
E ao vate que suspira melancólico
Entre esses que parecem dispersados
Túmulos de gigantes - ou ruínas
D’algum primeiro tempo cujos mitos
Esquecidos aí jazem, desprezados
Nesses brutos lascões. - Últimas notas
De sua triste canção inda zumbiam
Pelas asas dos plácidos favónios,
Quando uma voz: - «Não é de ânimo grande
Sucumbir aos reveses: gema embora
O coração ferido; mas um prazo
Deu a razão às lágrimas. Segui-me.»
- «Onde? a quem?... Ah! sois vós?»
- «Sou eu, amigo;
Cavaleiro, sou eu. Vinde; à justiça
Porta abrimos enfim: ver-vos deseja
E ouvir-vos o monarca.»
- «A mim!»
«Puderam
Chegar ao trono as vozes da verdade.
Sabe quem sois el-rei; louvou com ênfase
O amor da pátria glória que a alta empresa
De perpetuar seu nome há cometido,
Dando aos heróis de Lísia eterna fama.