O Garimpeiro - Cap. 14: XIV – A LAVADEIRA Pág. 113 / 147

Mas enquanto isso se não arranja, aqui está sua negra velha, que ainda pode trabalhar para Vmcês. Todos...

- Mas tu hoje és forra, Joana; deves ir cuidar da tua vida...

- Que me importa lá isso?... por acaso eu pedi alguma alforria? entreguem-me cá a minha carta, e hão de ver como eu a faço em pedacinhos e atiro tudo no fogo.

- Isso não, Joana!... tal não farás. Fui eu que pedi a meu pai te forrasse, e sabes por quê?...

- Eu sei lá!... de certo foi porque sinhazinha não me quer mais; quer ficar livre de mim...

- Pelo contrário, Joana, foi para não ficar sem ti. Se não fosses forra, irias cair nas mãos dos credores de meu pai, como todos os outros escravos da casa.

- Credo! Nossa Senhora me guarde!... então, não; quero a minha carta; quero ser livre para poder ser escrava de minha sinhazinha. Esses diabos desses homens! Deus me perdoe!... parece que não são batizados. Meu senhor já valeu a eles todos, e agora não tem um só que tenha piedade dele. Má peste que os persiga!... Agora vou cuidar na janta... sinhazinha fica aí?

- Fico, Joana; podes ir; vou acabar de enxaguar esta roupa.

- Deixa isso, sinhazinha. Eu logo venho acabar de lavar e estender toda essa roupa; não esteja se matando sem precisão.

- Não gosto de estar à toa, e bem sabes que não é a primeira vez que lavo roupa, e também isto me serve de distração.

- Não tem medo de ficar aqui sozinha?

- Medo de quê?... quem pode vir me fazer mal aqui neste ermo?

- Está bem, disse Joana retirando-se. Assim mesmo eu vou chamar sinhá Júlia para ficar com Vmcê.

- Não é preciso, Joana... Júlia está ocupada com uma costura que é preciso acabar hoje mesmo. Eu também lá vou neste instante.

Nenhum favor melhor podia o céu fazer a Elias naquele instante do que deixar Lúcia ali sozinha; e dir-se-ia que Lúcia adivinhava, e queria ficar só, como se tivesse ajustado uma entrevista.





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