O Garimpeiro - Cap. 14: XIV – A LAVADEIRA Pág. 116 / 147

- Pobre Lúcia! quanto és boa... quanto és adorável e sublime! se antes eu te amava, de hoje em diante eu te admiro, eu te adoro, e não me julgo digno do amor de uma criatura tão superior, de um anjo, de que o mundo não é digno.

- Se não te julgasse digno, eu nunca te amaria, e não teria passado por tantas aflições e angústias só por amor de ti. Mas, hoje sou feliz. Deus teve piedade de mim, arredou de meu caminho aquele maldito homem, e restituiu-me o meu Elias...

- Oh! aquele homem parecia enviado ao mundo por Satanás para perturbar a nossa felicidade! Tudo que podia fazer meu prazer, minha glória neste mundo, ele pretendia arrancar-me; parece que o perseguia uma inveja feroz de tudo quanto era meu; queria para si o dinheiro de minha bolsa, o amor de meu coração, o ar de meus pulmões, o sangue de minhas veias. Mas o monstro apenas conseguiu roubar-me o fruto do meu suor, essa pequena fortuna que eu tinha adquirido... mas que importa isso, Lúcia!... Deus ainda me conserva a mesma inteligência, a mesma atividade e disposição, e eu saberei adquirir outra...

- Mas por piedade!... eu te peço, não me abandones mais; não vás mais procurar fortuna lá tão longe. Não quero mais que saias de perto de mim...

- Mas, Lúcia, eu sou pobre... tu também estás tão pobre como eu. Hoje há um motivo ainda mais forte para que eu empregue todos os esforços para adquirir alguma coisa; e se por aqui não for possível, devo...

- Deves amar-me, a mim só, e a mais ninguém. Somos ambos pobres; o destino nivelou nossas condições; e agora não há mais embaraço algum para nossa união!...

- Mas a pobreza, Lúcia... por mim só eu a suportaria como tenho suportado, de coração alegre; mas doer-me-ia horrivelmente ver-te em minha companhia sofrendo as inclemências e privações da indigência sem poder erguer-te a uma condição mais feliz.





Os capítulos deste livro