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Capítulo 2: II- A CAVALHADA

Página 13

O jovem negociante era de conversação jovial e zombeteira. Para se inculcar de fina e polida educação escarnecia de tudo quanto era do sertão, e naquela ocasião, para dar mostras de seu espírito, começou pelas cavalhadas.

- Na corte ninguém iria ver cavalhadas senão para rir-se. É um divertimento do tempo de El-Rei nosso senhor. Que papel ridículo não fazem esses papalvos que ali vão galopar enfeitados de chapéus armados, bandas, fitas e ouropéis como figuras de entremez!... E a embaixada, Santo Deus! Há nada mais estúpido! Admira que ainda haja homens sérios, que assim se atrevam a prestar-se ao debique em público sobre um cavalo dançador, repetindo de boca cheia umas asneiras que ninguém entende! É espetáculo próprio só para bobos ou crianças.

- Ora deixe-se disso, senhor Azevedo – replicou o Major – o senhor é bem difícil de contentar. O nosso povo gosta de cavalhadas, é doido por elas. Não podemos ter circos nem teatros, como nas grandes cidades; que remédio senão nos servirmos com a louça de casa!

- Ora! Façam banquetes, façam bailes, façam corridas de touros; não faltam meios de divertir-se o povo; mas deixem-se dessa triste bobice das cavalhadas.

- Mas talvez V. Sª. goste de ver estas. Os cavaleiros são excelentes; temos soberbos cavalos, e estão muito bem doutrinados.

- Qual! Nestas coisas, quanto melhor, pior! Quanto mais perfeito anda o negócio, mais ridículo. Antes fosse uma verdadeira mascarada carnavalesca e doidejante; mas aquela cómica gravidade, aquela insípida regularidade, é coisa tristemente ridícula.

- É para V. Sª. , acostumado aos brilhantes e variados espetáculos da corte; mas para nós, pobres roceiros, não há nada mais divertido do que ver um guapo cavaleiro dirigindo um bom e bem doutrinado ginete, tirar uma argolinha, e, encaminhando-se a um palanque, ofertá-la a uma formosa dama.

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Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 13

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137