Este estado de exaltação, que quase tocava ao delírio, durou por largo tempo, até que veio a fadiga e a prostração. Por fim atirou-se na cama que tinha ali mesmo na pequena sala; já a noite ia adiantada, e graças ao torpor do cansaço dormiu algumas horas. Com esse repouso acalmou-se um pouco a irritação de seu espírito. Quando acordou, já os galos cantavam.
Levantou-se, abriu a janela para refrescar a cabeça abraseada ao sopro das brisas da madrugada. Ainda não era dia. Debruçou-se sobre o peitoril e depois de estar a cismar largo tempo com a cabeça embebida entre as mãos, murmurou consigo:
- Está decidido!... minha vida tem de ser sempre uma série de provações e martírio. É essa a vontade do céu, e é escusado lutar contra o destino. Portanto ou devo-me desfazer dela desde já, ou resignar-me à minha sorte. O meu dever de cristão é curvar-me e aceitar cheio de resignação o cálix da amargura.