Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: XV – ABNEGAÇÃO

Página 122
A sorte começa a conspirar de novo contra nós. Eu pensava que, caindo em pobreza, ninguém mais poria os olhos em mim, e que poderia amar-te tranquila e livremente, sem que a turba dos pretendentes, que outrora me importunava, viesse mais perturbar a nossa felicidade, por essa doce compensação que me trazia. Enganava-me, ai de mim!... Um de meus antigos pretendentes reaparece, e solicita com mil empenhos a minha mão. É um moço não muito rico, mas negociante bem principiado, e dotado, segundo dizem todos, de excelentes qualidades. Meu pai insta comigo com todas as forças para que me decida quanto antes.

Tenho esgotado sem resultado algum todas as minhas escusas, e já não sei de que meio lançar mão para me defender. Infelizmente este não é um aventureiro desconhecido, um moedeiro falso, que de um instante para outro pode desaparecer entre as grades de uma cadeia. É do país, e geralmente conhecido e estimado por suas boas qualidades, e promete mil arranjos a meu pai. Não preciso dizer-te mais, meu querido Elias, podes ajuizar em que cruéis apuros me vejo de novo enleada. Nossa pobreza aumenta de dia a dia, e eu quase enlouqueço pensando nestas coisas.

Aparece, Elias; só a tua presença me poderá inspirar resolução e coragem para arredar de nossa cabeça mais esta desgraça! Vem; eu te espero com ansiedade. Adeus!...”

Acabada esta leitura, Elias entrou em acessos de furor; percorrendo a passos largos e precipitados a pequena sala em que estava, soltava bramidos de desespero, e chorava lágrimas de fogo, e batendo com a cabeça pelas paredes, arrancando os cabelos, vomitava blasfémias e imprecações horríveis.

- Pois bem! - bradava ele, - já que o céu me não favorece, já não recompensa o trabalho honesto, condena a virtude às torturas da miséria, e só enriquece os ladrões, tomarei duas pistolas, irei me postar aí em qualquer ponto da estrada, e tomarei à força aos ladrões o que o céu desapiedado nega a um anjo.

<< Página Anterior

pág. 122 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 122

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137