O Garimpeiro - Cap. 17: XVII – A GRINALDA E O TÚMULO Pág. 145 / 147

proceder assim, eu o reconheço; e tanto o reconheço que ainda hoje, ao levantar-me do leito onde passara a noite em lágrimas, torturado de angústias e o desalento n’alma, vendo-me pobre, sem futuro e sem esperança depois de mil vãs tentativas e desesperados esforços para adquirir algumas coisas, parti para aqui com a firme resolução de renunciar para sempre ao meu amor e a todas as minhas esperanças de felicidade, desligar-me de todos os juramentos e protestos que nos dias de esperança fizera à sua filha e com o meu exemplo e minhas palavras aconselhá-la, alenta-la, para que se resolvesse a aceitar o esposo que podia ampará-la neste mundo, e esquecesse o desgraçado que não podia servir senão de estorvo à sua felicidade e à de sua família.

- Que belo e generoso procedimento! - exclamou o Major, - já me sinto orgulhoso em tê-lo por genro.

Lúcia, sem dizer palavra, olhava fixamente para Elias com os olhos nadando em ternura e em arroubos de felicidade.

- Mas o céu se condoeu de nós, - continuou, - e no curto caminho do Comércio de baixo para aqui, a fortuna por um modo extraordinário sorriu-me junto ao leito de morte de um pobre velho, e encontrei num momento e sem procurar aquilo que há tanto tempo procurava em vão com esforços inauditos. Esqueça-se do passado, senhor Major, e abençoe o nosso amor; eu também de tudo me esquecerei, e pode ficar certo que encontrará em mim um filho submisso e afetuoso, e suas filhas, uma um marido terno e extremoso, e outra um irmão dedicado.

O Major, comovido, no íntimo do coração pelo generoso procedimento e pelas nobres palavras do mancebo, lançou-se em seus braços.

- Sejam felizes, exclamou com lágrimas nos olhos, sejam felizes, meus filhos!... O céu abençoe o vosso amor.

Logo desde o dia seguinte Elias tratou de empregar toda a diligência para descobrir a mina indicada por seu velho camarada no leito de morte.





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