O Garimpeiro - Cap. 17: XVII – A GRINALDA E O TÚMULO Pág. 146 / 147

No fim de alguns dias de pesquisas, com bastante trabalho e paciência, descobriu-a enfim no fundo de um grotão escuro e coberto de espessa mata. Não havia trilho algum que lá conduzisse. O velho e astuto caboclo mui de propósito tinha tido o cuidado de não deixar vestígio algum por onde pudesse ser descoberto o tesouro que não queria que pertencesse a mais ninguém senão a seu jovem patrão. Elias imediatamente deu serviço e o resultado não desmentiu as palavras do velho caboclo. Em poucos dias ele tinha quadruplicado o legado que na hora da morte recebera das mãos do fiel e dedicado Simão. Mas, coisa singular! Logo depois a lavra se esgotou, e por mais serviços que dessem, ninguém conseguiu descobrir o mínimo diamante. Dir-se-ia que a providência tinha ali depositado aquele pequeno tesouro unicamente para servir de recompensa à virtude daqueles dois fiéis e dedicados amantes.

Quinze dias depois do acontecimento que teve lugar na pequena choupana do Major, na pequena e única capelinha que então havia na Bagagem, celebrava-se um casamento sem pompa alguma e com a maior simplicidade; mas o júbilo e contentamento que se irradiava na fisionomia dos noivos e de todos que presenciavam aquela solenidade, davam-lhe um ar festivo e anunciavam que era um casamento feliz. Era com efeito um simpático e formoso par, digno de todas as venturas da terra e de todas as bênçãos do céu.

Ao saírem da igreja, os noivos, separando-se da comitiva que os acompanhava, desviaram-se para um lado da igrejinha, e encaminharam-se para uma cova que ali se havia recentemente aberta, junto à qual havia também uma cruz nova de madeira.

Ajoelharam-se junto dela, e nessa postura rezaram durante algum tempo. Ao levantarem-se, a moça despregou o mais lindo ramo de sua grinalda de noiva e o depositou em um dos braços da cruz; no outro o marido colocou um ramalhete de perpétuas e saudades.





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