Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: IV- O GARIMPO

Página 42

- Mas que posso eu fazer?... atirei-me num abismo sem saída, e no qual devo ficar para sempre sepultado.

- Pois a sua inteligência, servida por dois braços juvenis e vigorosos, não lhe poderá abrir um caminho para sair desse abismo, que eu creio que só existe na sua imaginação? Admira que um homem, na sua idade e com tão boas disposições, tenha tão pouca fé no seu futuro, e tão pouca confiança nos homens! Elias nada tinha que replicar às justas e severas reflexões daquele desconhecido, cujo exterior e cujas palavras sisudas logo à primeira vista inspiravam a um tempo respeito e simpatia, e esperava com ansiosa curiosidade o resultado daquela singular entrevista, que o acaso lhe preparava em tal ocasião com um homem que nunca tinha visto.

- Saiba, porém - continuou o desconhecido - que não vim aqui só no intuito de anima-lo e dar-lhe conselhos. Quero abrir-lhe, se puder ser, o caminho para desvia-lo desse abismo em que ainda não caiu, como supõe, mas em que o desespero o ia precipitar. Venho fazer-lhe uma proposta; estará disposto a aceita-la?

- Fale, senhor; qual é ela? Estou bem certo que não me proporá nada que não seja para meu benefício.

- E é sem dúvida alguma. Em primeiro lugar entendo que este descoberto da Bagagem não pode oferecer vantagem nenhuma a quem com pequenos capitais quer tentar um começo de fortuna. É um garimpo falaz e traiçoeiro. Sou da Bahia, e garimpeiro também; vim aqui examinar este novo descoberto, de que se me contavam maravilhas; vejo o contrário, e posso falar com pleno conhecimento de causa. Há, aqui, na verdade, e têm-se extraído grandes e magníficos diamantes, como não há em outros garimpos. Mas esses não chegam a todos e o seu aparecimento mesmo é um engodo perigoso, que só serve para arruinar milhares de garimpeiros, e somente felicita a um ou outro filho predileto da fortuna.

<< Página Anterior

pág. 42 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 42

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137