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Capítulo 5: V- O BAIANO

Página 48
O Major bem conhecia o verdadeiro motivo daquela indisposição da filha; mas, ou para afetar que nem a possibilidade concebia de uma paixão amorosa, ou mesmo porque respeitava a delicada suscetibilidade dos sentimentos de Lúcia, fingia ignora-lo. Portanto, julgou conveniente arranca-la à solidão daquela fazenda, e, no meio da agitação e dos passatempos da sociedade, procurar alguma distração à constante e profunda melancolia da moça.

O Major tinha construído uma bonita e asseada casinha no lançante de uma colina à margem direita do ribeirão, algum tanto isolada do resto da povoação. Era um templozinho, de que Lúcia era a deusa tutelar, e onde afluíam uma multidão de devotos a render-lhe cultos e adorações. Mas ela, triste como a juriti, a quem exilaram da sombra silenciosa de seus bosques, sentia indizível saudade dos laranjais da fazenda paterna, de seu jardim, de sua fonte, e mais ainda de um ente, cuja imagem em seu espírito andava sempre ligada à daquela saudosa solidão. A carta que Elias escrevera ao sair da Bagagem fora-lhe fielmente entregue; a ideia da distância enorme que se ia interpor entre ela e seu amante ainda mais agravou o seu estado de prostração, aumentando-lhe os sustos e inquietações. A imagem de Elias estava sempre presente ao seu espírito, triste como a lua melancólica a mirar-se no seio imóvel de um lago solitário. De seus lábios nunca escapava um sorriso que exprimisse verdadeiro prazer. Se algumas vezes sorria, seu sorriso era como um clarão frouxo a custo escapado da alma por entre nuvens de tristeza.

Todavia, mais por efeito do tempo do que das distrações que seu pai lhe procurava, a feliz e vigorosa organização de Lúcia conseguiu triunfar e impor um termo aos progressos e estragos do sofrimento moral.

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pág. 48 (Capítulo 5)

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Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 48

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137