Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: V- O BAIANO

Página 49
Não lhe voltou aquela inalterável e serena alegria dos primeiros anos, nem se lhe desvaneceram as mágoas e inquietações do coração. Mas, ao pungir da dor violenta que a lacerava, substituiu-se uma melancolia calma e resignada, como noite de luar sucedendo silenciosa e triste aos horrores da tormenta.

A graça e gentileza de Lúcia, seu adorável recato e aquele toque simpático de melancolia que a envolvia como um véu, não podiam deixar de atrair a atenção e produzir impressão sobre a população da Bagagem, composta em grande parte de fazendeiros abastados dos arredores, que desprezando a enxada e o machado, puseram nas mãos de seus escravos o abrião e a bateia, e de jovens negociantes de todas as procedências, que vinham de remotas paragens tentar negócio com os garimpeiros. O Major por seu lado, para dar uma diversão às ideias melancólicas de sua filha, procurava entretê-la e distraí-la por todos os meios, e para esse fim costumava dar em sua casa frequentes reuniões, a que convidava a melhor sociedade da Bagagem.

Muitos desses negociantes, muitos filhos de fazendeiros abastados, subjugados pelos encantos da gentil roceira, ofertaram a Lúcia suas homenagens; mas para logo desistiam, não achando brecha por onde pudessem entrar nos arcanos daquele coração misterioso. Outros, mais audazes ou interpretando mal a fria amabilidade com que ela os tratara, abalançaram-se a revelar sua paixão, e mesmo a pedi-la em casamento.

- Minha filha, já tens vinte anos; acho que já é tempo de pensar no casamento, e tenho para ti um noivo que decerto não rejeitarás. É o senhor F. ; pediu-me hoje a tua mão. Acho-o muito capaz de fazer a tua felicidade.

Esta pequena alocução Lúcia ouvia sempre ao menos uma vez por semana, e todas as vezes com imperturbável e glacial frieza lhe respondia:

- Peço-lhe, meu pai, que não me fale ora em casamento; não me sinto com inclinação para esse estado.

<< Página Anterior

pág. 49 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 49

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137