O Garimpeiro - Cap. 5: V- O BAIANO Pág. 50 / 147

Talvez mais tarde... meu pai bem vê que minha irmã é ainda muito criança. Enquanto ela não crescer mais e não puder lhe servir de companhia, eu não posso nem devo casar-me. Julgo-me necessária para ambos.

O pai parecia aceder a estas razões e respeitava as repugnâncias da filha.

É verdade também que dos pretendentes que até ali tinham aspirado à mão de Lúcia posto que fossem todos dignos e belos moços, todavia nenhum estava em condições de assegurar-lhe uma posição muito brilhante pelo lado pecuniário; e o Major, que como bom pai desejava a felicidade sem a riqueza, esperava que Lúcia encontraria ainda um marido milionário, e portanto facilmente condescendia com sua recusa.

Assim passaram-se mais alguns meses, sem que nada alterasse a monótona tristeza do viver de Lúcia, sem que uma esperança viesse alentá-la, e nem novo golpe da sorte reavivar a chaga de seus antigos sofrimentos.

Por esse tempo chegara à Bagagem um rico viajante, elegantemente trajado, com numeroso séquito de pajens e camaradas e aparatosa bagagem. Era um jovem baiano, bem feito, bonito, e de maneiras agradáveis e insinuantes. Do Sincorá, onde se enriquecera com a compra de diamantes, viera à Bagagem continuar na mesma especulação, e examinar e explorar este novo descoberto. A chegada de um hóspede destes a uma de nossas povoações do interior produz tanta ou maior expectação do que a visita de um soberano a qualquer grande capital do mundo civilizado.

Leonel, assim se chamava o recém- chegado, tornou-se logo extremamente popular. Além de seu agradável exterior e da afabilidade de suas maneiras, era dotado de prendas e qualidades que o tornavam apreciado e desejado em todas as companhias, tocava admiravelmente violão e cantava com muita graça as modinhas e lundus da sua terra.





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