Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: X – A AFRONTA

Página 80
Quero ver tudo por meus próprios olhos; quero assistir às exéquias de minha felicidade, que lá se estão celebrando com tanta pompa e regozijo. Depois... me imolarei sobre elas. Vamos! coragem! apresentemo-nos lá; pouca gente reparará na minha presença... ah! talvez nem ela!... que importa? vamos!

E saiu da ponte precipitadamente, encaminhou-se à casa, onde foi compor melhor o seu vestuário, e dirigiu-se resolutamente pelo caminho da casa do Major.

Não estranhem os leitores a sem-cerimónia com que Elias, sem motivo algum plausível, vai apresentar-se em casa do Major em uma noite de festim, sem a ele ter sido convidado. Nas povoações do sertão de Minas, antes que a malfadada política de aldeia tivesse penetrado por elas, degenerando ou estragando a singeleza dos costumes primitivos, as famílias, pela cordial intimidade que entre elas reinava, eram como grupos diversos de uma só família. As portas das salas de recepção nunca estavam fechadas. Nunca se soube o que é um criado, ou o cordão de uma campainha para anunciar uma visita, e muito menos um porteiro. Nos dias de regozijo e festa principalmente, as portas e janelas estavam francas para os passantes que quisessem ver ou tomar parte no regozijo, sem que ninguém lhes embargasse o passo, porque todos eram amigos e conhecidos íntimos.

Os leitores podem fazer ideia das emoções que agitavam o espírito de Elias ao aproximar-se daquela casa, e portanto me dispensarão da difícil, senão impossível, tarefa de descreve-las.

No momento em que Elias chegou, um homem cantava, acompanhando-se ao violão. Elias estremeceu ao ouvir aquela voz; parecia-lhe já a ter ouvido em alguma parte. Demorou-se um pouco no corredor até que acabasse o canto. A porta, que do corredor dava entrada para a sala, estava aberta de par em par.

<< Página Anterior

pág. 80 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 80

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137