O Garimpeiro - Cap. 11: XI – DE MAL A PIOR Pág. 89 / 147

Leonel, para remover toda e qualquer suspeita que alguém pudesse nutrir a seu respeito, quis que se desse rigorosa busca em tudo quanto era seu, em todos os valores que trazia consigo, e nada encontrou que o pudesse comprometer.

Todavia, como bem se pode julgar, Leonel estava longe de viver tranquilo depois daquele desacato, e esperava com a maior impaciência e inquietação o domingo seguinte para efetuar o seu casamento, e depois - com a noiva ou sem ela - evaporar-se. Teria desaparecido incontinente, se esse passo não viesse despertar contra ele as mais bem fundadas suspeitas, não fosse um terrível indício, uma confissão tácita de seu crime. Via-se enleado em um labirinto, cuja saída se lhe ia tornando extremamente difícil.

Mas como Elias nenhuma outra prova tinha contra ele mais do que a sua palavra, e além disso estava por poucos dias a ver-se livre do compromisso que ainda o detinha na Bagagem, ainda não julgava tão crítica a sua situação que devesse tomar logo o partido extremo da fuga. Para manter-se na reputação que soubera conquistar, de leal e honrado cavalheiro, forçoso era levar a cabo o odioso drama em que se envolvera. Uma vez casado, ou a pretexto de ir arrecadar seus bens, ou em virtude de uma carta que recebesse de seu pai ou de sua mãe, que estava à morte, chamando- o junto a si, se retiraria poucos dias depois muito honestamente, e sem despertar suspeitas teria tempo de pôr-se a salvo.

Para melhor disfarçar sua perfídia e mais demonstrar generosidade e cavalheirismo, como o crime de Elias era particular, e por ele não poderia ser acusado sem haver parte queixosa, Leonel desistiu da acusação judiciária, mas protestando sempre que apenas o visse solto, ou havia de morrer às suas mãos, ou havia de lavar em seu sangue a afronta de que fora vítima.





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