Quando os navios ficaram em seco e o campo notavelmente fortificado, deixa de guarda aos navios as mesmas tropas que antes, e volta ao local de onde partira. A sua chegada, encontra tropas de Bretões já bastante importantes e que ali se tinham reunido de todos os lados. O comando supremo e a direcção da guerra foram confiados, com consentimento unânime, a Cassivelauno, cujo país está separado dos Estados marítimos por um rio que se chama o Tamisa, a cerca de oitenta mil passos do mar. Em tempos anteriores, tivera guerras constantes com os outros Estados; mas, assustados com a nossa chegada, os Bretões confiaram-lhe o comando supremo da guerra.
XII - O interior da Bretanha é povoado por habitantes que se apresentam, segundo uma tradição oral, como indígenas; a parte marítima, por hordas vindas da Bélgica para pilhar e fazer a guerra (quase todas elas conservaram o nome dos Estados de que eram originárias, quando vieram para o país, de armas nas mãos, para ali se fixarem e cultivarem o solo). A ilha é imensamente povoada, nela as casas são abundantes, quase semelhantes às dos Gauleses, o gado é ali muito numeroso. Como moeda, servem-se do cobre, de moedas de ouro (91) ou de lingotes de ferro de um determinado peso. As regiões do centro produzem estanho (92), as regiões costeiras, ferro, mas em pequena quantioade (93); o cobre que empregam vem-lhes de tora (94). Existem árvores de toda a espécie, como na Gália, com excepção da faia e do pinheiro. Consideram a lebre, a galinha e o pato como alimento proibido; no entanto, criam-nos por gosto e como forma de divertimento. O clima é mais temperado que o da Gália e os frios são ali menos rigorosos.
XIII - A ilha tem a forma de um triângulo, em que um lado fica de frente para a Gália.