Durante a noite, com a madeira que trouxeram para fortificar o campo, não se erguem menos de cento e vinte torres com uma rapidez inacreditável; termina-se o que parecia faltar às obras de defesa. No dia seguinte, os inimigos, com forças muito mais numerosas, assaltam o campo e enchem o fosso. Do nosso lado, opõe-se a mesma resistência que na véspera. A mesma coisa nos dias seguintes. Trabalha-se à noite sem descanso; prepara-se de noite o que é preciso para a defesa no dia seguinte; endurece-se ao fogo e afia-se grande número de estacas, fabrica-se grande quantidade de dardos próprios para serem lançados do alto das fortificações; guarnecem-se as torres de plataformas; mune-se a muralha de seteiras e de caniçados. O próprio Cícero, não obstante a sua saúde muito delicada, não concedia a si próprio nem mesmo o repouso da noite, ao ponto de os seus soldados, rodeando-o com os seus pedidos, o forçarem a descansar.
XLI - Então os chefes dos Nérvios e os principais deste Estado, que tinham algum acesso junto de Cícero e algum motivo para a sua amizade, dizem-lhe que desejam uma entrevista com ele. Tendo-a obtido, fazem-lhe as mesmas declarações que Ambiorix fizera a Titúrio, dizendo que toda a Gália estava em armas, que os Germanos tinham atravessado o Reno, que os quartéis de Inverno de César e dos seus lugares-tenentes estavam cercados. Aludem mesmo à morte de Sabino e fazem alarde de Ambiorix para confirmar as suas palavras. «Seria, dizem eles, uma ilusão contar com o socorro de legiões que desesperam da própria salvação. De resto, longe de ter qualquer intenção malévola em relação a Cícero e ao povo romano, não lhes pediam mais que abandonassem os seus quartéis de Inverno e que não vissem implantar-se esse hábito: podiam sair do campo com toda a segurança e partir sem receio para o lado que quisessem.