O seu rival Voreno acorre e vem ajudá-lo. Logo toda a multidão dos inimigos se vira contra ele e larga Púlio, que julgam atravessado de lado a lado pelo dardo. Voreno, espada na mão, faz-lhes frente e luta corpo a corpo; mata um, afasta um pouco os outros; mas, deixando-se arrastar pelo seu entusiasmo, enfia-se num buraco e cal. E a sua vez de ser cercado, mas Púlio vem ajudá-lo e ambos sãos e salvos, depois de terem morto muitos inimigos e de se terem coberto de glória, fazem a sua entrada no campo. A fortuna, nesta luta de dois rivais, gostou de equilibrar os seus êxitos: cada um deles levou socorro ao outro e salvou-lhe a vida, sem que se pudesse decidir qual dos dois fora mais bravo.
XLV - De dia para dia o cerco se tornava mais penoso e mais rude, tanto mais que estando esgotada grande parte dos soldados pelos ferimentos, estavam reduzidos a bem poucos defensores. E de dia para dia Cícero despachava para César mais cartas e mais correios, porém na sua maior parte eram presos e, diante dos olhos dos nossos soldados, entregues à morte entre mil suplícios. Havia no campo um nérvio, de nome Vértico, homem de bom nascimento, que, desde o começo do cerco, viera como trânsfuga para junto de Cícero e lhe jurara fidelidade. Convence um dos seus escravos, com a esperança da liberdade e de grandes recompensas, a levar uma carta a César. O homem levou-a atada ao seu dardo; gaulês também, passa pelo meio dos Gauleses sem despertar suspeita, chega junto de César e dá-lhe a conhecer os perigos que Cícero e a sua legião correm.
XLVI - César, tendo recebido a carta pela décima primeira hora do dia (107), imediatamente envia um correio ao território dos Belóvacos ao questor Marco Crasso, cujos quartéis de Inverno estavam afastados vinte e cinco milhas.