Dá à legião ordem para partir a meio da noite e de vir ter com ele rapidamente. Crasso sai do campo com o correio. Um outro é enviado ao lugar-tenente Caio Fábio, para o avisar que conduza a sua legião para o país dos Atrébates, por onde César sabia que tinha de passar. Escreve a Labieno para vir com a sua legião à fronteira dos Nérvios, se o pudesse fazer sem nada comprometer. César pensa que não deve esperar pelo resto do exército, que estava um pouco mais afastado; reúne, como cavaleiros, cerca de quatrocentos homens que retira dos quartéis vizinhos.
XLVII - Pela terceira hora, avisado pelos seus batedores da chegada de Crasso, nesse mesmo dia avança vinte mil passos. Entrega a Crasso o comando de Samarobriva, e confia-lhe a sua legião, porque ali deixava as bagagens do exército, os reféns entregues pelos Estados, os registos e todo o trigo que mandara transportar para ali passar o Inverno. Fábio, de acordo com a ordem que recebera reúne-se a ele no caminho com a sua legião, sem grande atraso. Labieno, que tinha conhecimento da morte de Sabino e do massacre das coortes, estava então exposto a todas as forças dos Tréviros; temia, se a sua partida se parecesse com uma fuga, não poder aguentar o assalto dos inimigos, tanto mais que sabia estarem todos entusiasmados pela sua recente vitória. Respondeu, portanto, a César com uma carta em que lhe disse do perigo que corria se fizesse sair a sua legião do campo; conta-lhe em pormenor o que se passara com os Eburões; dá-lhe a saber que todas as forças de cavalaria e de infantaria dos Tréviros se estabeleceram a três mil passos do seu acampamento.
XLVIII - César aprovou estas opiniões e, ainda que reduzido das três legiões que esperara a duas, não deixou por isso de colocar toda a sua esperança de salvação numa acção rápida.