Chega, portanto, em grandes etapas (108) ao país dos Nérvios. Aí sabe pelos prisioneiros o que se passa com Cícero e quanto a sua situação e perigosa. Convence então um cavaleiro gaulês, com grandes, recompensas, a levar uma carta a Cícero. Esta carta que envia está escrita em caracteres gregos, para que o inimigo, se a interceptar, não conheça os nossos projectos. No caso de não poder chegar até Cícero, este cavaleiro tem ordem de atar a carta à correia da sua trágula e de a arremessar para dentro da fortificação. Na sua carta, escreve que partiu com as suas legiões e que em breve estará ali; exorta Cícero a conservar toda a sua coragem. O gaulês, temendo o perigo, atira a sua trágula, de acordo com as instruções que recebera. O dardo cravou-se por acaso numa torre, onde ficou dois dias sem ser notado; pelo terceiro dia, um soldado vê-o, arranca-o, leva-o a Cícero, que lê a carta e lhe dá leitura perante as suas tropas, nas quais suscita a mais viva alegria. Avistam-se então ao longe fumos de incêndio; já ninguém tem dúvida sobre a chegada das legiões.
XLIX - Os Gauleses, postos ao corrente pelos seus batedores, levantam o cerco e marcham ao encontro de César com todas as suas tropas: eram cerca de sessenta mil homens em armas. Cícero, graças aquele mesmo Vértico, do qual já antes se falou, encontra um gaulês para levar uma carta a César; avisa-o para tomar precauções e para o fazer depressa. Anuncia na carta que o inimigo o deixou e virou todas as suas forças contra ele. Esta carta foi levada a César a meio da noite. Participa-a aos seus soldados e exorta-os ao combate. No dia seguinte, ao romper do dia, levanta o acampamento, e, depois de ter avançado cerca de quatro mil passos, avista a multidão dos inimigos para lá de um vale atravessado por um curso de água (109).