Capítulo 8: LIVRO VI
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A maior parte, quando se vêem sobrecarregados de dívidas, esmagados por impostos, exposto às violências de gente mais poderosa, põem-se ao serviço dos nobres, que têm sobre eles os mesmos direitos, que os senhores sobre os escravos. Quanto àquelas duas classes de que falávamos, uma é a dos druidas, outra, a dos cavaleiros. Os primeiros ocupam-se das coisas divinas, presidem aos sacrifícios públicos e privados, regem as práticas religiosas. Grande número de adolescentes vem instruir-se junto deles, e eles são objecto de grande veneração. São eles, efectivamente, que decidem de quase todas as contestações públicas e privadas e, se foi cometido algum crime, se houve assassínio, se se trava uma discussão a propósito de herança ou de estremas, são eles que resolvem, que fixam os danos e as penas e (116); se um particular ou um Estado não se conforma com a sua decisão, eles proíbem-lhe os sacrifícios. Esta pena é entre eles a mais grave de todas. Aqueles contra os quais é pronunciada esta interdição, são postos entre os ímpios e os criminosos, afastam-se deles, fogem do seu contacto e do seu convívio, temendo apanhar com o seu contacto um mal funesto; não são aceitos para pedir justiça e não tomam parte em nenhuma honra. Todos estes druidas são comandados por um chefe único, que exerce entre eles a autoridade suprema. Quando da sua morte, se um entre eles se eleva por mérito, sucede-lhe; se vários têm títulos iguais, o sufrágio dos druidas elege entre eles; por vezes chegam mesmo a conquistar o principado de armas na mão. Numa determinada época do ano, têm as suas sessões num local sagrado, no país dos Carnutes, que passa por estar no centro de toda a Gália. Para ali partem de todos os lados todos aqueles que têm diferendos, e submetem-se aos seus juízos e às suas decisões.
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