Os soldados têm grande dificuldade em defender as portas; os outros acessos são defendidos pela sua própria posição e pelo entrincheiramento. Todo o campo enlouquece; interrogam-se uns aos outros sobre a causa do tumulto; não se cuida em dizer para onde é preciso levar as insígnias nem para que lado cada um se tem de dirigir. Um anuncia que o campo já está tomado; outro pretende que o exército e o general' em chefe foram exterminados e que os Bárbaros vieram como vencedores; a maior parte tem sobre a natureza do local ideias supersticiosas e pensam no desastre de Cota e de Titúrio, que sucumbiram no mesmo campo. No meio do terror que espanta toda a gente, os Bárbaros julgam confirmada a opinião, recolhida de um prisioneiro, de que o interior da praça está vazio. Tentam lá entrar e eles próprios se exortam a não deixar fugir das mãos tão bela oportunidade.
XXXVIII - Entre os doentes deixados na praça estava Públio Sextio Baculo, que fora primipilo sob as ordens de César e do qual falámos na narrativa dos combates anteriores (124): havia cinco dias que não tomava alimento. Inquieto com a sua salvação e com a de todos, avança sem armas para fora da tenda: vê a ameaça do inimigo e o extremo perigo da situação, empunha as armas dos primeiros soldados que encontra e coloca-se à porta (125). Os centuriões da coorte que estava de guarda seguem-no, e todos juntos aguentam por instantes o combate. Sextio, cheio de graves ferimentos, desmaia: não sem dificuldade o passam de mão em mão e o salvam. Durante este tempo, os outros recompõem-se o suficiente para ousarem ficar nos entrincheiramentos e terem o ar de defensores.
XXXIX - Entretanto, tendo feito provisão de trigo, os nossos soldados ouvem distintamente um clamor: os cavaleiros tomam a dianteira, dão-se conta da gravidade do perigo.