Como o Inverno ia já no fim e a estação convidava a entrar em campanha, César tinha resolvido marchar contra o inimigo, quer para o atrair fora das florestas e dos pântanos, quer para ali o assediar, quando os principais dos Éduos vieram em embaixada implorar-lhe socorro ao seu Estado em circunstâncias particularmente críticas: «A situação era extremamente grave; ainda que, de acordo com os antigos usos, se nomeasse um único magistrado, que exercia durante um ano o poder real, dois homens eram revestidos nesta magistratura, e cada um deles pretendia ser legalmente nomeado. Um era Convictolitávis, homem jovem, rico e ilustre; o outro Coto, oriundo de uma família muito antiga, era igualmente poderoso pela sua muito grande influência e pelo número das suas alianças; seu irmão Valecíaco no ano anterior exercera este mesmo cargo; todo o Estado estava em armas, o Senado dividido, o povo dividido, cada um dos rivais tinha a sua clientela. Se a querela se prolongasse, ver-se-ia os dois partidos da nação entrar em luta; dependia de César impedir esta desgraça pela sua diligência e autoridade.»
XXXIII - César bem sentia o inconveniente que havia em deixar a guerra e o inimigo, mas também não ignorava que males nascem das dissensões, e temia que um Estado tão poderoso e tão ligado ao povo romano, que ele próprio protegera e cumulara de honras, chegasse à violência e às armas, e que o partido, que estivesse menos confiante nas suas forças, apelasse para oauxílio de Vercingétorix: resolveu prevenir este perigo. Como as leis dos Eduos proibiam ao magistrado supremo sair do território, César, para não parecer que atentava contra a Constituição e as leis do país, decidiu partir ele para o território dos Éduos, e convocou perante si, em Decécia, todo o Senado e os dois competidores.