Explicou-lhes todo o perigo de uma posição desfavorável e como ele tinha pensado nisso na frente de Avárico quando, tendo surpreendido o inimigo sem chefe e sem cavalaria, renunciara a uma vitória certa para não se expor a uma perda mesmo ligeira ao combater numa posição desfavorável. Por muito que admirasse a coragem deles, que não pudera ser detida pelos entrincheiramentos de um campo nem pela altura da montanha, igualmente reprovava a sua insubordinação e a sua presunção, que lhes fizera acreditar que sabiam melhor que o seu general os meios de vencer e o resultado da batalha. Acrescentou que num soldado não amava menos a modéstia e a disciplina do que o valor e a coragem.
LIII - Tendo assim falado e terminado o seu discurso reanimando a coragem dos seus soldados, e dizendo-lhes «que não se deixassem desencorajar por isso e não atribuíssem ao valor do inimigo um desaire causado pela desvantagem da posição», manteve o seu projecto de partida, mandou sair as suas legiões do campo e dispô-las em linha de batalha num terreno favorável. No entanto como Vercingétorix não descesse à planície, depois de uma ligeira escaramuça de cavalaria, reconduziu as suas tropas para o campo. No dia seguinte renovou a manobra, depois, pensando ter feito o suficiente para abater a jactância gaulesa e reforçar a coragem dos seus soldados, levantou o campo para ir ao país dos Éduos. O inimigo, mesmo então, não o perseguiu; pelo terceiro dia, chega às margens do Elaver, reconstrói as pontes (161) e faz passar o seu exército para a outra margem.
LIV - Por lá sabe pelos Éduos Viridomaro e Eporédorix, que tinham pedido para lhe falar, que Litávico partiu com toda a sua cavalaria para sublevar o país; que eles próprios se viam na necessidade de ir na frente dele para reter o Estado dentro do seu dever.