LIX - Sabia-se já que César deixara Gergóvia; já circulavam rumores da defecção dos Éduos e do feliz sucesso da sublevação da Gália; e os Gauleses, nas suas conversas, afirmavam que César, com as suas comunicações cortadas e não podendo atravessar o Líger, fora forçado pela falta de trigo a dirigir-se para a Província. Os Belóvacos, já antes pouco seguros, mal souberam da defecção dos Éduos logo se puseram a recrutar tropas e a preparar abertamente a guerra. Então, Labieno, perante tão grande alteração da situação, sentiu que tinha de alterar completamente os seus planos: já não pensava em fazer conquistas e dar batalha ao inimigo, mas em conduzir o exército sem perda a Agedinco: porque, de um lado estava ameaçado pelos Belóvacos, Estado que tinha na Gália uma alta reputação de valor; do outro, por Camulogeno, que dispunha de um exército pronto e bem equipado; enfim as suas legiões estavam separadas das suas reservas e das bagagens por um rio muito grande (168). Não via, contra tais dificuldades que tinham surgido de repente, outros recursos que não fossem os de uma resolução corajosa.
LX - Pela tarde convocou portanto um conselho e exortou cada um a executar as suas ordens com cuidado e perícia. Confia cada um dos navios que trouxera de Metlosedo a um cavaleiro romano e ordena que desçam o rio no fim da primeira vigília (169) numa distância de quatro mil passos e que esperem aí. Deixa de guarda ao campo as cinco coortes que considera menos aptas para combater, e ordena às outras cinco da mesma legião que subam o rio a meio da noite, com todas as bagagens, fazendo muito barulho. Também requisita barcas; envia-as com grande barulho de remos, na mesma direcção. Quanto a ele sai pouco depois, em silêncio com três legiões, e chega ao local para onde ordenara que levassem os barcos.