XL - Vendo aquilo, depois de ter convocado o conselho e chamado a este conselho os centuriões de todas as coortes, começou por lhes censurar com veemência «quererem penetrar e discutir a sua finalidade e os seus desígnios. Ariovisto, durante o seu consulado, procurara com ardor a amizade do povo romano; por que razão supor que se afastaria tão cegamente do seu dever? Por seu lado estava persuadido de que, quando ele conhecesse os seus pedidos e a equidade das suas condições, não renunciaria à sua amizade nem à do povo romano. E se, sob o impulso de um furor demente, lhes fizesse guerra, que tinham então a recear? Porquê desesperar do seu valor e da sua diligência? Aquele inimigo era já conhecido do tempo dos nossos pais, quando a vitória de Caio Mário sobre os Cimbros e os Teutões não deu menos glória ao exército que ao próprio general; conheceram-no também recentemente na Itália, na revolta dos escravos, se bem que então o inimigo fosse ajudado pela experiência e pela disciplina que recebera de nós. Por aí se podiam ajuizar as vantagens de uma firme resolução, pois que aqueles escravos que por um momento temeram sem razão quando estavam desarmados, tinham-nos vencido mais tarde quando estavam armados e vitoriosos. Enfim, eram os mesmos homens que os Helvécios muitas vezes encontraram, não só no seu próprio território, mas também no deles, e que geralmente venceram, eles que no entanto não tinham podido resistir ao nosso exército. Se alguns se alarmavam com a derrota e a fuga dos Gauleses (33), podiam encontrar-lhe a causa, se realmente a quisessem procurar, no cansaço provocado pela longa duração da guerra que os Gauleses experimentaram quando Ariovisto, depois de se ter encerrado vários meses no seu campo e nos seus pântanos sem fazer nenhuma demonstração, os atacara de repente, já dispersos e desesperando de combater e os vencera mais por hábil táctica que pelo valor das suas tropas.