O conde deu-lhe casa, mesada e criados. Assim estava vivendo quando a conheci. Era amarga a existência da pobre senhora. O amante casara meses antes, para desempenhar o vínculo deteriorado. Do Património da esposa alargou a mesada à amante, que bebia. Deus sabe com que lágrimas, este segundo cálice de vilipendiosa dependência. Escrevera ela nesse tempo ao pai, pedindo-lhe perdão e asilo. Nunca teve resposta. Quando me deram estes esclarecimentos (1854), continuava ela a viver a expensas do conde e tinha um filho de cinco anos. Não sei mais nada. Ainda há pouco li o bilhete, recebido em 1849, e achei-lhe muitíssima graça. Deus lhe perdoe a noite que me deu e os onze dias de catarro, que me estragaram os brônquios para sempre! (*)
[(*) Chamava-se Margarida a dama. Viveu ainda até 1857 e morreu da febre-amarela, e o filho também. Conta-se que o conde, receoso do contágio, não ousara vir a Lisboa, das Caldas da Rainha, onde estava, quando Margarida o mandou chamar para despedir-se. Morreu contemplando os paroxismos do filho. Os criados abandonaram-na no último dia. Estava sozinha quando expirou. O conde está óptimo de saúde e transferiu a mobília de Margarida para os aposentos de uma criada, que a condessa expulsou de casa...]
Era a terceira uma dama quarentona, que frequentava a casa em que eu me hospedara. Tinha ela um mano, muito mal-encarado e vestido marcialmente, como capitão da carta, que era. A Sra. D. Catarina bailava gentilmente, conversava com todos os pespontos de tagarela muito lida em Eugénio Sue e conhecia todos os atalhos que conduzem à posse de um coração noviço. Declarou-se comigo e eu, urbanamente, acudi ao seu pejo, confessando que já me tinha primeiro confessado com a eloquência do silêncio. Trocamos algumas