Silvestre da Silva, com cuja candura eu simpatizo. Quer o senhor namorar uma das minhas cunhadas, se não está disposto a continuar o namoro com a minha mulher? Olhe que ambas têm nomes inspiradores: uma é Berta, a outra é Laura. Escolha, que eu coadjuvo-o.
Creiam que estava corrido, e dei graças a Deus quando se aproximaram da nossa mesa três sujeitos conhecidos do empregado. Assim foi interrompida a conversação, em que a minha pobre vaidade estava sofrendo como em potro de escárnio. Ergui-me, despedi-me, apertei a mão ao marido de Clotilde, e fui rasgar as prosas e versos que escrevera numa brochura ad hoc enfeixado tudo sob o seguinte título: A Ti!... E mais nada, a tal respeito (*).
[(*) Aproveitei o lanço de verificar a lealdade desta passagem das memórias do meu amigo. Como em nota à margem estava o nome do marido farçola, solicitei relacionar-me com ele há quatro dias, e fácil foi isso. À terceira palestra que tivemos, com ar de intimidade, falei no sucesso passado catorze anos antes. O funcionário público recordou-me, e disse: “É verdade o que o seu amigo deixou escrito. Só lhe falhou escrever o que, felizmente, não soube, e é que a minha mulher o amou...” Fiquei pasmado da ingenuidade e lembraram-me dois versos franceses de não sei quem:
“Quand on l’ignore, ce n’est rien;
Quand on le sait, cést peu de chose.]
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Ainda agora me não entendo bem, se penso na frieza do meu coração às escaramuças que a dona do hotel lhe fazia!
Era a Sra. D. Martinha uma viúva de trinta e cinco anos, pequena, entroncada; mas bem feita e ágil. do seu tinha pouco cabelo; porém, com o abençoado capital que empregara em marrafas tecia um trançado tão abundante, principalmente ao domingo, que nunca a arte dos Canovas fez cabeça mais magnífica em adornos que a da Sra.