e, então, melífluos,
Como diz não sei quem, que sabe a língua,
Emelavam a gente, isto é, melavam!
E melaram os dulcíssimos meninos,
Quando neles se estava embelezado
O Tejo de cristal e a lua meiga.
Que é deles? Onde o ninho destas aves?
Que emplumavam, apenas, e já punham
O olhar na montanha bipartida,
E as cândidas asinhas sacudindo,
Era um gosto comum, um acto pátrio,
Um gosto nacional perdê-los d'olho
E ouvi-los, lá do alto, em trinos destes:
“Doce brisa,
Que desliza,
Pela junça
Do paul,
Traz perfume
Como a aragem
Da bafagem
Duma virgem
De Istambul.”
A compita de cântico, responde
Dalém, doutro poleiro, em sons mais ternos,
Outro bardo, que tem na terra amores:
“Minha Elisa, o teu segredo
Não no sei;
Nem na voz do arvoredo
Adivinhei.
..., querida!, diz-mo cedo,
Diz-mo, querida,
Pela vida!
Se não dizes,
Morrerei!”
No número de ébrios que inspiram compaixão às almas flexíveis estava eu. Quem tiver lido as minhas desventuras e pesado, nas cordas sensíveis do seu peito, as embaçadelas (por não dizer sempre desapontamentos) que apanhei na curta primavera da minha vida, decerto me desculpa do asqueroso vício de que me sinto assaz castigado pelas inflamações de vísceras que a miúdo me atormentam. A imagem de Paula não me parecia como visão que da mulher que nos abandonou enfastiada e talvez chorasse por não poder amar-nos! Deus sabe quanto dói à criatura que amaldiçoamos o tédio que as nossas meiguices, e lágrimas, e ciúmes, lhe causam!
Comecei por beber licor de hortelã-pimenta e acabei no abismo estreme. A minha embriaguez era pacífica e até certo ponto catedrática. Eu me explico. Se o auditório me favorecia, deixava-me ir em discursos sobre a filosofia da história, alternados com outros discursos sobre a história da filosofia.