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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 105
Porque quando as observo, cada uma de per si, não sei se escolha a dona da casa, de tão grande coração, ou sua irmã, que parece possuir juventude perpétua e cuja voz nos surpreendeu esta noite, ou ainda se considere a mais nova, cheia de talento, de alegria, trabalhando duramente e a melhor das sobrinhas... Confesso, senhoras e senhores, que não sei qual delas merece o prémio...

Gabriel olhou para as tias, e, vendo um grande sorriso no rosto da tia Julia e as lágrimas que bailavam nos olhos da tia Kate, apressou-se a terminar. Levantou o seu cálice de porto, enquanto todos os convivas faziam o mesmo, e disse, com voz forte:

- Vamos fazer um brinde às três juntas!... Vamos beber à saúde delas... Longa vida, alegria e prosperidade e para que continuem a ocupar a posição que têm na sua profissão e o lugar de honra e de afeição que conquistaram nos nossos corações!...

Todos os convidados se levantaram, com os cálices nas mãos, e, voltando-se para as três senhoras que continuavam sentadas, cantaram em uníssono:

Porque são pessoas alegres,
Porque são pessoas alegres,
Porque são pessoas alegres,
Isso é que ninguém pode negar!...

A tia Kate já se servia do lenço, e mesmo a tia Julia parecia comovida. Freddy Malins batia o compasso com um garfo e os cantores continuavam com ênfase:

A não ser que minta,
A não ser que minta ...

Depois, virando-se novamente para as donas da casa, repetiram:

Porque são pessoas alegres,
Porque são pessoas alegres,
Porque são pessoas alegres,
Isso é que ninguém pode negar!...

As aclamações que se seguiram foram par- tilhadas por muitos dos outros convidados que estavam na outra sala, e dirigidas por Freddy Malins que empunhava o seu garfo.

O ar cortante da madrugada penetrou no hall onde eles se encontravam, o que fez com que a tia Kate dissesse:

- Alguém que feche essa porta!... Mrs. Malins morrerá de frio!...

- Browne está lá fora, tia Kate - explicou Mary Jane.

- Browne está sempre em toda a parte - disse a tia Kate, levantando a voz.

Mary Jane riu-se.

- Na verdade - disse -, é muito atencioso.

- Mas diz-lhe que venha para dentro, para se poder fechar a porta.

Naquele momento, Mr. Browne entrou, rindo-se de uma forma assustadora. Trazia um comprido sobretudo verde, com astracã na gola e nos punhos e na cabeça ostentava um barrete, também de pele. Apontou para fora e disse:

- Os carros de Dublin vão sair todos cá para fora.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 105

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86