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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 39
A mulher meteu-o na cama, enquanto Mr. Power estava sentado em baixo, na cozinha, perguntando às crianças qual era a escola que frequentavam e qual o livro que" seguiam. As crianças - duas raparigas e um rapaz - tendo consciência do abandono do pai e da ausência da mãe, começaram a brincar com ele. Ficou surpreendido com as maneiras e o sotaque deles. Momentos depois, Mrs. Kernan entrou na cozinha, exclamando:

- Que espectáculo! Um dia acaba com ele e será o fim! Desde sexta-feira que anda a beber!

Mr. Power teve o cuidado de lhe explicar que não era responsável pelo sucedido, que

o encontrara por um mero acaso. Mrs. Kernan, lembrando-se dos bons conselhos que ele costumava dar ao marido, disse:

- Não precisa de me dizer isso, Mr. Power. Eu sei que é amigo dele, que não é como os outros. São bons companheiros enquanto têm dinheiro na algibeira, e para o afastarem da sua mulher e da família. Bons amigos!... Com quem estaria ele esta noite, gostava de saber!

Mr. Power sacudiu a cabeça, mas não disse nada.

- Tenho pena - continuou a mulher - de não ter nada em casa para lhe oferecer. Mas se se demorar um pouco, mandarei comprar qualquer coisa ao Fogarty, ali à esquina.

Mr. Power levantou-se.

- Estávamos à espera que chegasse a casa e trouxesse o dinheiro. Parece que nunca pensa que tem uma casa a sustentar.

- Havemos de o transformar - disse Mr. Power. - Eu falarei com Martin. É o homem indicado. Vimos cá uma destas noites e fala-se sobre isso.

A mulher acompanhou-o até à porta. O cocheiro andava dum lado para o outro, no passeio, e mexia os braços para se aquecer. - Foi muito amável da sua parte tê-lo trazido a casa - disse a mulher.

- De nada - respondeu Mr. Power.

Subiu para o trem. Quando partiu, tirou o chapéu e disse alegremente:

- Faremos dele um novo homem. Boa noite, Mrs. Kernan.

Os olhos admirados de Mrs. Kernan ficaram a seguir o carro, enquanto não desapareceu. Depois, entrou em casa, e esvaziou as algibeiras do marido.

. Era uma mulher activa e prática, de meia-idade. Ainda não havia muito festejara as bodas de prata e tinha renovado a sua intimidade, dançando com o marido uma valsa toca da por Mr. Power. Outrora achara o marido uma figura galante; ele ainda ia, apressadamente, para a porta da igreja sempre que sabia de algum casamento, para ver a noiva passar encostada ao braço dum homem jovial, vestido de casaco preto e calças de riscas, levando na mão um chapéu de seda.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 39

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86