Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 43

- É para isso que nós pagamos impostos? - perguntou. - Para alimentar e vestir esses ignorantes... porque nada são além disso.

Mr. Cunningham riu-se. Era oficial do Castelo só durante as horas de serviço.

- Como é que eles haviam de ser outra coisa, Tom?

Assumiu uma acentuação provinciana e disse num tom de comando:

- Sessenta e cinco, vai buscar as tuas couves!

Todos se riram. Mr. M’ Coy querendo, de qualquer modo, entrar na conversa, disse que nunca ouvira a história. Mr. Cunningham respondeu:

- Supõe-se, pelo que dizem, que tomam lugar no refeitório, onde reúnem aqueles rapazes da província, aqueles selvagens para fazer o serviço militar. Os sargentos obrigam os rapazes a encostarem-se em bicha contra a parede, segurando nas mãos os pratos. - Ilustrou a história com gestos grotescos. - Ao jantar, o sargento tem uma grande marmita de couves em frente dele, em cima da mesa, e uma grande colher do tamanho duma pá de fogão; mete a colher dentro da marmita, apanhando a couve, e atira-a para os pobres diabos que são obrigados a apanhá-la nos pratos; «Sessenta e cinco, apanhe a sua couve!».

Todos se riram novamente, mas Mr. Kernan ainda estava indignado; falava em escrever uma carta para os jornais.

- Esses Yahoos que vêm para aqui - disse ele - julgam que podem maçar as pessoas. Não preciso dizer-te, Martin, a espécie de homens que são.

Mr. Cunningham concordou.

- É como tudo neste mundo. Há alguns maus e alguns bons.

- Sim, também admito que existem alguns bons - disse, com satisfação, Mr. Kernan.

- O melhor é não ter nada que lhes dizer - acrescentou Mr. M’ Coy. - É a minha opinião.

Mrs. Kernan entrou no quarto e, enquanto colocava um tabuleiro em cima da mesa, ofereceu:

- Sirvam-se, meus senhores.

Mr. Power levantou-se e ofereceu-lhe a cadeira. Ela declinou, dizendo que estava a passar a ferro lá em baixo. Depois de trocar um sinal com Mr. Cunningham, por detrás das costas de Mr. Power, preparou-se para deixar o quarto. O marido chamou-a:

- Não tens nada para mim, patinha?

- Oh, para ti, tenho as costas da minha mão - respondeu Mrs. Kernan, asperamente.

O marido tornou a chamá-la:

- Nada para o pobre rapazinho? Assumiu uma expressão e uma voz de tal maneira cómicas, que a distribuição das garrafas de cerveja teve lugar no meio da alegria geral.

<< Página Anterior

pág. 43 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 43

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86