- Os jesuítas são uma bela espécie de homens - apoiou Mr. Power.
- Há uma coisa curiosa - disse Mr. Cunningham. - Todas as outras ordens da Igreja tiveram de ser reformadas numa época qualquer, mas esta nunca precisou de reformas.
- É verdade? - perguntou Mr. M’ Coy.
- É um facto - disse Mr. Cunningham. - É da história.
- Olhem para a igreja deles! - exclamou Mr. Power. - Reparem na congregação que têm.
- Os jesuítas provêm das classes elevadas - disse Mr. M’ Coy.
- Certamente - aprovou Mr. Power.
- Sim - disse Mr. Kernan. -,É por isso
que eu tenho uma simpatia especial por eles. Mas não desses padres, ignorantes... - Todos são boas pessoas - disse Mr.
Cunningham. - Cada um no seu género.
Os padres irlandeses são respeitados em todo o mundo.
- Ah, sim? - perguntou Mr. Power.
- Não são como alguns que existem no continente e que não merecem o nome que usam - disse Mr. M’ Coy.
- Talvez tenhas razão - disse Mr. Kernan.
Todos beberam novamente. Mr. Kernan parecia pesar qualquer coisa no seu pensamento. Estava impressionado. Tinha elevada opinião acerca de Mr. Cunningham. Pediu mais informações:
- É simplesmente um retiro, sabes - disse Mr. Cunningham. - O padre Purdon é que o faz. É dedicado a homens de negócios.
- Ele não será duro connosco, Tom? ¬perguntou persuasivamente Mr. Power.
- O padre Purdon? - inquiriu o inválido.
- Com certeza que o conheces, Tom ¬disse Mr. Cunningham, firmemente. - Pessoalmente muito simpático! Um homem da sociedade, como nós.
- Ah... sim. Parece-me que o conheço.
Alto, de cara encarniçada... - É esse mesmo.
- Mas diz-me, Martin... Ele é bom pregador?
- Bem, não é positivamente um sermão, sabes? É uma espécie de conversa amiga, percebes?...
Mr. Kernan ficou a deliberar. Mr. M’ Coy disse:
- O padre Tom Burke - afirmou Mr.
Cunningham -, esse nasceu orador. Chegaste alguma vez a ouvi-lo, Tom?
- Se o ouvi!... - disse o inválido. - Se o ouvi...
- E, no entanto, diziam que não era grande teólogo - exclamou Mr. Cunningham.
- Mas era realmente assim?!
- Não, certamente que não... Somente, às vezes, diziam que pregava como um ortodoxo.
- Mas era uma esplêndida pessoa ¬disse Mr. M’ Coy.