Os canteiros de túlipas refulgiam como anéis de fogo. Uma poeira branca, qual trémula nuvem de íris, pairava no ar vibrante. Como monstruosas borboletas, iam e vinham as sombrinhas de cores berrantes.
Ela obrigava o irmão a falar de si, das suas esperanças, dos seus planos.
Ele falava lentamente, a custo. Passavam um ao outro palavras como os jogadores passam dados. Sibyl sentia-se opressa. Não podia exteriorizar o seu júbilo.
Um frouxo sorriso era o único eco que ela podia acordar nos lábios hirtos do irmão. Passado algum tempo, calou-se. De chofre, foram-lhe os olhos feridos pela visão fugitiva dum cabelo de oiro e duns lábios sorridentes: era Dorian Gray, que, num trem descoberto, passava com duas damas.
- Aí vai ele! - exclamou.
- Quem? - perguntou Jim Vane.
- O Príncipe Encantador - respondeu ela, seguindo com os olhos a vitória.
Ele ergueu-se logo e agarrou-a bruscamente pelo braço.
- Mostra-mo. Qual é? Aponta-mo. Preciso de o ver! Nesse momento, porém, a carruagem do Duque de Berwick meteu-se de permeio, e, quando a rua ficou desimpedida, já a vitória estava fora do Parque.
- Já passou - murmurou Sibyl, tristemente. - Queria que tu o visses.
- Queria vê-lo, pois, tão certo como Deus estar no céu, se ele algum dia te fizer mal, mato-o!