O Retrato de Dorian Gray - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 105 / 335

Ela fitou-o com horror. Ele repetiu as suas palavras, que cortaram o ar como um punhal. Os circunstantes começavam a olhar. Uma senhora que estava ao pé de Sibyl riu-se.

- Vamos embora, Jim - disse ela baixinho.

Ele seguiu-a como um cão por entre a multidão. Sentia-se contente com o que dissera. Ao chegarem à estátua de Aquiles, ela voltou-se. Velava-lhe os olhos uma certa tristeza, que nos lábios se lhes transmudava em sorriso. Meneou a cabeça e disse:

- És tolo, Jim, tolo varrido!... És ruim, nada mais. Como podes dizer horrores desses? Não sabes o que dizes. És apenas ciumento e mau. Ah! Gostava que tu amasses; o amor faz-nos bons, e tu só disseste ruindades.

- Tenho dezasseis anos - respondeu ele, e sei o que digo. - A mãe de nada te serve. Ela não compreende como há-de olhar por ti. Quem me dera não ir para a Austrália! Que vontade tenho de desistir disso tudo! Se o contrato não estivesse já assinado...

- Oh! não te ponhas assim tão sério, limo Pareces um dos heróis daqueles estúpidos melodramas que a mãe dantes tanto gostava de representar. Eu não vou questionar contigo. Vi-o, e oh! vê-lo é a perfeita ventura. Não nos vamos zangar. Sei que tu nunca farás mal a um homem que eu amo, não é verdade?

- Não, enquanto tu o amares.





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