O Retrato de Dorian Gray - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 11 / 335

Eu não queria na minha vida nenhuma influência externa. Sabe, Henry, como eu sou independente por índole. Fui sempre senhor de mim mesmo; fui-o pelo menos até ao dia em que encontrei Dorian Gray. Então... mas não sei como explicar-lho. Alguma coisa parecia dizer-me que eu me achava à beira duma crise terrível na minha vida. Tinha um sentimento estranho de que o destino me reservava prazeres e dores invulgares. Tinha medo e dispus-me a sair da sala. Não foi a consciência que me levou a fazê-lo; foi uma espécie de cobardia.

- Consciência e cobardia são, na realidade, uma e a mesma coisa, Basil. A consciência é o nome da firma. Nada mais.

- Não o creio, Henry, assim como não creio no que você diz. Porém, fosse qual fosse a razão do meu proceder - e talvez fosse orgulho, pois eu era então muito orgulhoso - o facto é que me encaminhei para a porta. Aí, é certo, esbarrei com Lady Brandon. «Já vai embora tão cedo, senhor Hallward?», berrou ela. Conhece-lhe aquela voz esganiçada?

- Conheço; é um pavão em tudo, menos na beleza disse Lord Henry, desfazendo o malmequer com os dedos compridos e nervosos.





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