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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 123

Fosse por que motivo fosse, o teatro achava-se aquela noite repleto, e o gordo empresário judeu recebeu-os radiante, à porta, com um sorriso untuoso e trémulo, que lhe rasgava a boca duma orelha à outra. Acompanhou-os até ao camarote com uma espécie de pomposa humildade, gesticulando com as mãos gorduchas, refulgentes de jóias, e falando muito alto.

Dorian Gray sentia por ele, mais que nunca, repugnância. Parecia-lhe que viera procurar Miranda e se lhe deparara Caliban. Lord Henry, pelo contrário, mostrou agradar-se muito dele: apertou-lhe repetidas vezes a mão e asseverou-lhe que se ufanava de encontrar um homem que descobrira um autêntico génio e falira por causa dum poeta.

Hallward entretinha-se a examinar as caras dos espectadores. Fazia um calor terrivelmente opressivo, e o enorme lustre parecia uma dália monstruosa de pétalas de fogo. Os rapazes da galeria haviam despido os casacos e os coletes e haviam-nos pendurado ao lado. Falavam uns com os outros, dum lado para o outro do teatro, e repartiam laranjas com as raparigas, que, de vestidos berrantes, estavam à sua beira. Algumas mulheres gargalhavam na plateia. As suas vozes produziam um chinfrim horrível. Vinha do restaurante o estalido das rolhas saltando das garrafas.

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 123

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313