O Retrato de Dorian Gray - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 125 / 335

Se esta rapariga pode dar uma alma àqueles que dela têm vivido desprovidos, se ela pode criar a noção de beleza em seres cujas vidas têm sido sórdidas e asquerosas, se ela pode arrancá-los ao seu egoísmo e emprestar-lhes lágrimas para as dores alheias, é digna da adoração de todo o mundo. Este casamento é perfeitamente acertado. Não pensava assim a princípio, mas agora concordo absolutamente. Os deuses fizeram Sibyl Vane para si. Sem ela você teria ficado incompleto.

- Obrigado, Basil - respondeu Dorian Gray, apertando-lhe a mão. - Sabia que me compreenderia. O Henry é tão cínico... aterra-me. Mas eis a orquestra. É medonha, mas dura apenas uns cinco minutos. Depois sobe o pano, e vocês vão ver a rapariga a quem eu vou dar toda a minha vida, a quem dei tudo o que em mim há de bom.

Passado um quarto de hora, por entre um extraordinário estralejar de aplausos, surgiu Sibyl Vane no palco. Sim, era deveras encantadora - uma das mais encantadoras criaturas, pensava Lord Henry, que jamais vira. Havia o que quer que fosse de corçazinha na sua graça tímida e nos olhos inquietos. Um ténue rubor, como a sombra de uma rosa num espelho de prata, coloriu-lhe as faces ao relancear os olhos pela casa apinhada e fremente de entusiasmo.





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