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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 145
Pôs-se a observá-lo curiosamente, a si mesmo perguntando se aquele biombo já alguma vez teria ocultado o segredo da vida de algum homem. Retirá-lo-ia daí, afinal? Porque não o deixar ficar? Que importava saber? Se fosse verdade, era uma coisa terrível. Se não fosse verdade, porque se havia de incomodar? Mas que sucederia, se, por algum acaso, por alguma fatalidade, outros olhos espreitassem por trás do biombo e vissem a transformação horrenda? Que faria, se Basil Hallward lhe pedisse que lhe deixasse ver o retrato? Basil, sem dúvida, o faria. Não; aquilo tinha de ser examinado; e imediatamente. Tudo seria preferível àquele terrível estado de dúvida.

Levantou-se e fechou à chave as duas portas. Pelo menos, estaria sozinho, quando defrontasse a máscara da sua vergonha. Então desviou o biombo e achou-se frente a frente com a sua própria imagem. Era absolutamente verdade! O retrato tinha mudado.

Como depois muitas vezes se lembrou, e sempre com não pequeno pasmo, encontrou-se a princípio contemplando o retrato com um sentimento de quase científico interesse. Não podia acreditar que tal mudança se houvesse podido operar. E, todavia, era um facto. Havia, porventura, alguma subtil afinidade entre os átomos químicos que na tela se corporizavam em forma e cor e a alma que dentro dele existia?

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 145

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313