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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 158

- Que foi, Henry?

- Disse-me que a Sibyl Vane representava para você todas as heroínas da literatura, que ela era Desdémona uma noite e Ofélia na seguinte; que, se morria como Julieta, ressuscitava como Imogénia.

- Agora é que não ressuscita - murmurou o moço, ocultando a cara com as mãos.

- Não, não ressuscita. Representou o seu último papel. Mas deve considerar essa morte solitária no aparatoso camarim como um estranho e lúgubre fragmento dalguma tragédia jacobiana, como uma cena admirável de Webster, Ford ou Cyril Tourneur. A pequena nunca na realidade viveu e, assim, nunca na realidade morreu. Para você, pelo menos, foi sempre um sonho, um fantasma que adejava pelas peças de Shakespeare e, com a sua presença, lhes infundia graça e encanto, uma cena através da qual a música de Shakespeare se enriquecia de som e alegria. Estragou a vida no momento em que entrou em contacto com a realidade, e a vida estragou-a a ela, e por isso morreu... Chore por Ofélia, se quiser. Cubra de cinza a cabeça por Cordélia haver sido estrangulada. Clame contra o céu por haver morrido a filha de Brabantio. Mas não desperdice as suas lágrimas sobre o cadáver de Sibyl Vane. Era menos real do que elas.

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pág. 158 (Capítulo 9)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 158

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313