O Retrato de Dorian Gray - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 160 / 335

- Parece-me que o melhor é eu ir ter com você à Ópera, Henry. Sinto-me muito fatigado para comer seja o que for. Que número é o camarote da sua irmã?

- Creio que vinte e sete. É na primeira ordem. Tem o nome dela na porta. Mas sinto muito que não venha jantar.

- Não me apetece - disse Dorian, indolentemente.

- Mas fico-lhe imensamente grato por tudo o que me disse. Você é, sem dúvida, o meu melhor amigo. Nunca ninguém me compreendeu como você.

- Estamos apenas no começo da nossa amizade, Dorian - respondeu Lord Henry, apertando-lhe a mão. Adeus. Espero vê-lo antes das nove e meia. Lembre-se de que canta a Patti.

Apenas se fechou a porta, Dorian Gray tocou a campainha, e, após uns minutos, apareceu Victor com os candeeiros e correu as cortinas. Dorian esperava com impaciência que o criado se retirasse; ele, porém, parecia levar um tempo interminável a arranjar qualquer coisa.

Mal ficou só, correu ao biombo e afastou-o. Não, o quadro nenhuma outra alteração acusava. Recebera a notícia da morte de Sibyl Vane antes de ele próprio a haver sabido. Tinha conhecimento dos factos à medida que se iam desenrolando. A maldosa crueldade que deformava as belas linhas da boca havia, sem dúvida, aparecido no próprio momento em que a rapariga bebera o veneno.





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