Ou seria o retrato indiferente aos acontecimentos? Saberia ele apenas do que se passava no íntimo da alma? Desejava muito sabê-lo e tinha esperança de que viria um dia a alteração dar-se ante os seus próprios olhos, e esta esperança fazia-o tremer.
Pobre Sibyl! Que romance fora tudo aquilo! Tantas vezes simulara a morte no palco. Agora foi a própria Morte que a tocou e a levou consigo! Como haveria ela representado aquela horrível cena final? Tê-lo-ia amaldiçoado ao morrer? Não, morrera por amor dele, e o amor ficaria agora sendo para ele um sacramento. Resgatara tudo pelo sacrifício que fizera da própria vida. Não pensaria mais no que ela lhe fizera sofrer naquela horrível noite no teatro. Quando pensasse nela, visioná-la-ia como uma prodigiosa figura de tragédia enviada ao palco do mundo para mostrar a suprema realidade do amor. Prodigiosa figura de tragédia? Marejavam-se-lhe os olhos de lágrimas ao recordar a sua aparência infantil, as suas maneiras joviais e caprichosas, a sua graça trémula e tímida. Varreu num momento do seu espírito todos estes pensamentos e examinou de novo o retrato.
Sentiu que chegara realmente a ocasião de fazer a sua escolha. Ou já estava essa escolha feita? Sim, a vida decidira por ele - a vida e a sua infinita curiosidade da vida.