O Retrato de Dorian Gray - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 171 / 335

Dorian meneou a cabeça. Turvou-lhe a fisionomia uma expressão de enfado ao ouvir falar de investigações. Era coisa tão charra e vulgar.

- Não sabem o meu nome - respondeu.

- Mas com certeza ela sabia-o.

- Só o meu nome de baptismo, e tenho a certeza absoluta de que nunca o disse a ninguém. Contou-me uma vez que todos tinham grande curiosidade de saber quem eu era, e que invariavelmente ela lhes respondia que eu me chamava o Príncipe Encantador. Era bonito. Há-de fazer um retrato dela, Basil. Gostaria de ter dela alguma coisa mais do que a recordação de alguns beijos e algumas palavras patéticas.

- Tentarei fazer alguma coisa, Dorian, se isso lhe aprazo Mas o que eu quero é que torne a ir a minha casa servir-me de modelo. Sem você nada posso fazer.

- Nunca mais me pintará, Basil. É impossível! - exclamou recuando.

O pintor cravou nele os olhos.

- Meu caro, que tolice! Quer dizer que não lhe agrada o retrato que lhe pintei? Onde está? Por que é que empurrou o biombo para diante dele? Deixe-me vê-lo. É a melhor coisa que eu tenho feito. Tire o biombo, Dorian. É simplesmente uma estupidez do seu criado esconder assim o meu trabalho. Notei, ao entrar, uma diferença no quarto.





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