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- Expô-lo? Quer expô-lo? - exclamou Dorian Gray, empolgado por uma estranha sensação de terror. Ia o seu segredo ser desvendado ao mundo? Iam os curiosos pasmar, boquiabertos, ante o mistério da sua vida? Era impossível. Era urgente fazer imediatamente alguma coisa, não sabia, porém, o quê.
- Sim, creio que não se oporá. George Petit vai reunir todos os meus melhores quadros para uma exposição especial na Rua de Seze, a qual abrirá na primeira semana de Outubro. O retrato só lá se demorará um mês. Parece-me que o pode bem dispensar por esse tempo. Demais a mais, é certo você nessa ocasião estar fora. E, se o conserva sempre oculto por trás dum biombo, é porque lhe não liga muita importância.
Dorian Gray passou a mão pela testa perlada de suor. Sentia-se à beira dum horrível perigo.
- Você disse-me há um mês que nunca o exporia - exclamou. - Porque mudou de opinião? Vocês, os que blasonam de constantes, são afinal tão volúveis como os outros. A única diferença está em que essa volubilidade não tem significação. Não se pode ter esquecido de me haver muito solenemente assegurado que por nada deste mundo se decidiria a enviá-lo a qualquer exposição. E ao Henry disse exactamente a mesma coisa.
